top of page

Nem tudo são flores no mundo da Inovação: A importância de "celebrar" as falhas

ree

No universo corporativo, é comum exaltarmos histórias de sucesso e conquistas inovadoras. Entretanto, para cada produto revolucionário que alcança o mercado, inúmeros outros enfrentam o fracasso. Essas falhas, muitas vezes ocultas, são fundamentais para o progresso e para a inovação.


Museum of Failure reune mais de 200 produtos e serviços que não obtiveram êxito comercial. De acordo com o site oficial do museu, a instituição oferece uma visão única sobre os desafios da inovação, destacando que todo progresso é construído a partir do aprendizado com erros e falhas passadas. [1]


Entre os itens expostos, encontram-se desde dispositivos tecnológicos até produtos de consumo que não corresponderam às expectativas. Essas exposições servem como lembretes de que o caminho para o sucesso é pavimentado com tentativas e erros.

Errar faz parte da inovação e não deveria ser tratado apenas como história. Empresas e profissionais podem adotar uma cultura que valorize o aprendizado oriundo dos insucessos. Ao invés de ocultar ou ignorar as falhas, é essencial analisá-las e compreendê-las, transformando-as em oportunidades de crescimento e inovação.

Um exemplo notável é o Google Glass, lançado entre 2013 e 2015. As expectativas eram altíssimas quando o Google apresentou esses óculos inteligentes com câmera embutida, controles de voz e uma tela inovadora. Entusiastas da tecnologia desembolsaram US$ 1.500 por esse dispositivo futurista, promovido como um produto totalmente desenvolvido. No entanto, o aparelho revelou-se um protótipo caro, com tecnologia que não funcionava perfeitamente. A câmera "discreta" levantou preocupações sobre privacidade, levando à proibição do uso do Google Glass em alguns locais. Aqueles que insistiam em usá-los foram pejorativamente apelidados de "Glassholes". 


Google Glass


ree

Outro caso interessante de falha é o AI Pin da Humane, um dispositivo vestível projetado para substituir smartphones, enfrentou críticas severas devido a falhas de hardware, software incompleto e problemas de superaquecimento. A cultura corporativa da empresa, que desencorajava feedback negativo, contribuiu para o lançamento prematuro do produto. Apesar de um investimento significativo de US$ 240 milhões, o dispositivo não atendeu às expectativas, levando a empresa a interromper as vendas e desativar os dispositivos existentes em fevereiro de 2025. [2] 

Conforme publicado pela Bloomberg, a HP Inc. anunciou a aquisição de ativos da Humane Inc., incluindo sua propriedade intelectual e equipe técnica, por US$ 116 milhões. No entanto, o dispositivo AI Pin não fará parte do acordo e será descontinuado. Os fundadores da Humane, Imran Chaudhri e Bethany Bongiorno, juntamente com a equipe técnica, formarão uma nova divisão na HP chamada HP IQ, focada na integração de inteligência artificial nos produtos da empresa. [3]


AI PIN


Foto: TECHDT [5]
Foto: TECHDT [5]

Como você lida com as falhas: como oportunidades de aprendizado ou como obstáculos ao sucesso?


Reconhecer e valorizar as falhas é essencial para promover a inovação nas organizações. Ao encarar os erros como oportunidades de aprendizado, cria-se um ambiente que incentiva a experimentação e a criatividade, elementos fundamentais para o desenvolvimento de soluções inovadoras. Se errar é inevitável, aprender com os erros deveria ser obrigatório. Essa abordagem permite que os colaboradores se sintam seguros para testar novas ideias sem medo de represálias, fortalecendo a cultura de inovação.


gestão da propriedade industrial está diretamente ligada a esse contexto. A propriedade industrial abrange a proteção de criações intelectuais, como patentes, marcas e desenhos industriais, garantindo aos inventores direitos exclusivos sobre suas inovações. Toda grande invenção já foi, um dia, apenas um erro bem interpretado (*). Para que tais inovações sejam alcançadas, é necessário um processo contínuo de tentativa e erro. Ao valorizar as falhas, as organizações estimulam a pesquisa e o desenvolvimento, essenciais para gerar produtos e processos passíveis de proteção legal. Além disso, uma gestão eficaz da propriedade industrial requer o compartilhamento do conhecimento adquirido, incluindo os aprendizados oriundos de falhas, para evitar a repetição de erros e acelerar o avanço tecnológico.


Portanto, ao integrar a celebração das falhas na cultura corporativa e alinhá-la a uma gestão estratégica da propriedade industrial, as empresas potencializam sua capacidade inovadora e fortalecem sua posição competitiva no mercado. 


Quem não arrisca, não só não petisca - também não inova.

Ao invés de focarmos apenas nos triunfos, devemos reconhecer e valorizar as falhas como parte integrante do processo inovador. Afinal, é por meio delas que adquirimos resiliência e evoluímos em nossas jornadas profissionais.


Como sua organização está lidando com as falhasgestão da Propriedade Industrial inovação? Compartilhe sua experiência nos comentários!

Tem interesse em pesquisar sobre esses temas? Vamos conversar!


Oportunidade para Pesquisa:  nosso Grupo de Pesquisa em Gestão da Propriedade Industrial e Inovação tem disponibilidade para orientações de Estágio Pós-Doutoral (processo contínuo), Mestrado e Doutorado, com vagas previstas no Edital 2025 para ingresso em 2026. 



Nota *

Muitas invenções e inovações surgiram a partir de erros ou acidentes que foram analisados com um olhar curioso e exploratório como, por exemplo:

Penicilina: A descoberta da penicilina por Alexander Fleming em 1928 é amplamente documentada. Fleming observou que culturas de Staphylococcus aureus foram contaminadas por um fungo do gênero Penicillium, e que ao redor desse fungo as bactérias não cresciam, indicando uma substância com propriedades antibacterianas. Essa substância foi posteriormente isolada e desenvolvida como o antibiótico penicilina, revolucionando a medicina ao possibilitar o tratamento eficaz de diversas infecções bacterianas. [5]

Forno Micro-ondas: A invenção do forno de micro-ondas é atribuída a Percy Spencer, um engenheiro que, em 1945, enquanto trabalhava com magnetrons para radares, notou que uma barra de chocolate em seu bolso havia derretido. Intrigado, ele realizou experimentos adicionais e descobriu que as micro-ondas podiam aquecer alimentos rapidamente, levando ao desenvolvimento do forno de micro-ondas. [6]

Supercola (Super Bonder): A supercola foi descoberta acidentalmente pelo químico Harry Coover em 1942, enquanto ele pesquisava materiais para miras de armas durante a Segunda Guerra Mundial. Ele sintetizou o cianoacrilato, um adesivo que se mostrava extremamente pegajoso. Inicialmente, a descoberta foi considerada um fracasso, mas anos depois, Coover percebeu o potencial comercial do material, que foi então desenvolvido e comercializado como supercola. [6]

Post-it: O Post-it foi desenvolvido por Art Fry, um funcionário da 3M, que utilizou um adesivo de baixa aderência criado por seu colega Spencer Silver. Fry percebeu que o adesivo poderia ser aplicado em pequenos pedaços de papel para criar marcadores reposicionáveis, levando ao produto que conhecemos hoje como Post-it. [6]

A chave para a inovação não está apenas em evitar erros, mas em interpretá-los corretamente. Muitas invenções revolucionárias surgiram porque alguém viu potencial no inesperado e explorou novas possibilidades em vez de simplesmente descartar o que parecia um erro.



Referências:


[1] MUSEUM OF FAILURE. Museum of Failure, c2025. Disponível em: https://museumoffailure.com/

[2] TECH EDT. Humane's AI Pin discontinued as HP acquires startup for US$116M. Tech Edt, 2025. Disponível em: https://www.techedt.com/humanes-ai-pin-discontinued-as-hp-acquires-startup-for-us116m.

[3] MICKLE, Tripp; GRIFFITH, Erin. 'This Is Going to Be Painful': How a Bold A.I. Device Flopped. The New York Times, 6 jun. 2024. Disponível em: https://www.nytimes.com/2024/06/06/technology/humane-ai-pin.html.

[4] BLOOMBERG. HP's $116 million deal for Humane includes IP but no Ai Pin device. Bloomberg, 18 fev. 2025. Disponível em: https://www.bloomberg.com/news/articles/2025-02-18/hp-116-million-deal-for-humane-includes-ip-but-no-ai-pin-device.

[5] FLEMING, Alexander. A descoberta da penicilina. Mundo Educação. Disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.br/biologia/a-descoberta-penicilina.htm

[6] GALILEU10 importantes descobertas da ciência que foram feitas acidentalmente. Revista Galileu, 2018. Disponível em: https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2018/04/10-importantes-descobertas-da-ciencia-que-foram-feitas-acidentalmente.html


Importante: O presente texto apresenta as opiniões pessoais do autor, as quais não devem ser interpretadas como o posicionamento oficial de qualquer instituição à qual ele esteja vinculado.

 
 
 

Comentários


bottom of page